JEAN RICHEPIN
( França )
Jean Richepin ( Médéa , hoje: المدية ou Lemdiya , na Argélia , 4 de fevereiro de 1849 — Paris , 12 de dezembro de 1926 ) foi um poeta , romancista e dramaturgo de língua francesa. Foi membro da Academia Francesa .
Filho de um médico militar francês ao tempo em serviço na Argélia , frequentou a École Normale Supérieure , onde foi um aluno brilhante, embora indisciplinado.
De grande força física, teve uma vida seguida, marcada pelas mudanças frequentes: foi franco-atirador na Guerra Franco-Prussiana , depois ator , marinheiro e estivador . Simultaneamente manteve intensa actividade intelectual, escrevendo poesia, peças para teatro e novelas, o que reflectem o seu talento vivo, embora errático. Uma das suas peças, L'Étoile , escrita em colaboração com André Gill (1840-1885), foi levada à cena em 1873, mas Richepin registrado virtualmente desconhecido atá à publicação, em 1876, de um volume em verso intitulado Chanson des gueux, de grande qualidade lírica, mas cuja linguagem e texto explícito levaram a que fosse preso e multado por ofensa à moral pública . As mesmas qualidades caracterizam as suas obras líricas subsequentes: Les Caresses (1877), Les Blasphèmes (1884), La Mer (1886), Mes paradis (1894) e La Bombarde (1899).
À medida que suas novelas se desenvolvem-se num estilo que alia a morbidez e brutalidade de obras como Les morts bizarras (1876), La Glu (1881) e Le Pavé (1883) com obras de trama psicológica complexa como Madame André (1878), Sophie Monnier (1884), Cisarine (1888), L'Aîné (1893), Grandes amoureuses (1896) e La Gibasse (1899). Outras das suas obras são retratos simples de experiências reais, como Miarka (1883), Les Braves Gens (1886), Truandailles (1890), La Miseloque (1892) e Flamboche(1895).
A suas peças para teatro, apesar de ocasionalmente marcadas por personagens violentos e com linguagem considerada por vezes imprópria, constituem em muitos aspectos a sua melhor obra, tendo muitas delas sido levadas à cena pela Comédie française . Também escreveu obras usadas como libreto , tais como Miarka (1905), adaptadas de uma sua novela para música de Alexandre Georges , e Le mage (1891) para música de Jules Massenet .
Amigo de Emmanuel Chabrier , ajudou aquele compositor a corrigir o libreto de Le roi malgré lui , escrevendo o texto de La Sulamite . A sua novela La Glu foi a base para uma ópera de Gabriel Dupont .
O seu filho, Jacques Richepin foi também dramaturgo.
CLÁSSICOS JACKSON – VOLUME XXXIX POESIA 2º. Volume. Seleção de ARY MESQUITA. São Paulo, SP: W. M. Jacson Inc., 1952. 293 p. encadernado. 14 x 21,5 cm Ex. bib. Antonio Miranda
Tradução de ARY DE MESQUITA:
Do “NIVOSE”
Às vezes, sem pensar, eu repouso indolente,
Mas eis que uma palavras em mim, subitamente,
Se faz, de manso, ouvir;
Dessas palavras tais em que o teu ser vivia;
E sinto em ecos mil, sem branda melodia,
Meu passado surgir.
Recordo-me de um mês, de um dia, de um instante,
E como uma criança eu choro soluçante,
E ponho-me a escutar
Nessa palavra a voz do meu feliz passado.
Tal qual se pode ouvir na concha, em tom magoado,
Cantando todo o mar.
A ORIGEM DA TAÇA
Do “FLOREAL”
Na antiguidade grega, um gênio sublimado,
Cada vez quis deixar no Paros esculpida
Uma taça. Mas nunca ele vira na vida
Um modelo sublime e ideal para ser moldado.
Quando à noite, porém, do se buril cansado,
Os seios foi beijar da hetera preferida,
O ateniense pasmou: Que contorno! A medida!
E a taça assim surgiu no helênico passado.
O seio inspirador, amado e deslumbrante,
Que serviu pra moldar o sonho de um artista
A quem pertenceria? E cala toda gente...
Ninguém logrou saber, mas, graças ao amante,
Graças ao escultor a tação ali se avista
Feita de pedra eterna, indefinidamente...
Do “THERMIDOR”
Depois eu fui conhecer
Teus encantos deliciosos,
E tive teu corpo ardente
Despido completamente
Ante os olhos curiosos.
Teus tesouros invisíveis
Eu já tinha adivinhado:
Do quadril a forma pura,
A breve gentil cintura,
O teu busto torneado;
É preciso um ditirambo
Teus encantos celebrar,
E eu mesmo é que vou fazê-lo,
Pois teu fino tornozelo
Nunca pôde me enganar.
Do “NIVOSE”
Homem cruel, tem cuidado!
Pois não vês espedaçado
O nosso corpo aos teus pés?
Cessa tuas investidas,
Somos pobres margaridas,
Mas tu não ouves, quem és?
Eu sou aquele coitado,
Que, em tempos de namorado,
A vossa astúcia traiu;
Morrei, mentiroso bando,
Foi vossas pet´las cantando
Que minha amante mentiu!
Do “THERMIDOR”
A posse nos enfastia,
Contudo sinto prazer
Em beijar-te noite e dia,
Porque nunca saciado
Nos teus lábios vou beber
Sempre e sempre — o Inesperado.
TEXTOS EN FRANÇAIS E EM PORTUGUÊS
ALMEIDA, Guilherme de. POETAS DE FRANÇA. São Paulo: 1936.
Ex. bibl. Antonio Miranda
La chanson
de Marie-des-Anges
Y avait un´fois un pauv´gas
Et lon la laire,
E ton lan la.
Y avait un´fois pauv´gas
Qu´aimait cell´qui n´aimait pas.
Ell´lui dit : Apport´-moi d´main
Et lon la laire,
Et lon lan la,
Ell´lui dit : Apport´-moi d´main
L´cœur de ta mèr´pour mon chien.
Va chez sa mère et la tue
Et lon la laire,
Et lon lan la,
Va chez sa mère et la tue,
Lui prit l´cœur et s´en courut.
Comme il courait, il tomba,
Et lon la laire.
Et lon lan la,
Comme il courait, il tomba,
Et par terre l´cœur roula.
Et pendant que l´cœur roulait,
Et lon la laire.
Et lon lan la,
Et pendant que l´cœur roulait,
Entendit l´cœur que parlait.
Et l´cœur lui dit en pleurant,
Et lon la laire,
Et lon lan la,
Et l´cœur lui dit en pleurant :
T´es-tu fait mal, mon enfant ?
TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de Guilherme de Almeida.
A canção
de Maria-dos-Anjos
Era uma vez um bom rapaz,
E tra la li,
E tra la la,
Era uma vez um bom rapaz
Que amou quem não o amou jamais.
Ela diz: Dá-me o coração
E tra la li,
E tra la la,
Ela diz: Dá-me o coração
De uma mãe para o meu cão.
Ele procura a mãe e mata-a,
E tra la li,
E tra la la,
Ele procura a mãe e mata-a,
E o seu coração lhe arrebata.
E, quando vem correndo, cai.
E tra la li,
E tra la la,
E quando vem correndo, cai,
E o coração por terra vai.
E enquanto vai, vai a rolar,
E tra la li,
E tra la la,
E enquanto vai, vai a rolar
O coração pôe-se a falar.
E o coração lhe diz baixinho,
E tra la li,
E tra la la,
E o coração lhe diz baixinho:
Tu te magoaste, meu filhinho?
*
Página publicada em junho de 2024
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Página publicada em maio de 2023
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